INOVEP

PROJETO

As indústrias farmacêutica e química têm-se debatido, ao longo dos últimos anos, com a dificuldade de criar novos compostos terapêuticos ou bioativos que possam ser utilizados pelos seus benefícios e de um modo seguro. As plantas, que foram inicialmente a grande fonte de compostos ativos, são hoje novamente encaradas como uma interessante forma de identificação e isolamento de novas moléculas ativas.
Por via do conhecimento do uso tradicional das plantas, é possível relacionar o seu efeito terapêutico com a ação farmacológica dos seus compostos ativos. O desenvolvimento de produtos cosméticos “green”, sem a adição de moléculas químicas sintéticas, foi-se consolidando ao longo dos últimos anos, tendo a indústria do sector identificado os extratos de plantas como alternativas naturais interessantes. No entanto, e embora seja globalmente empírico que os produtos naturais são “mais seguros”, sabe-se hoje que muitos destes produtos provocam reações alérgicas e de toxicidade (efeitos indesejáveis e não benéficos causados no organismo), sendo por isso fundamental caracterizar a eficácia e a segurança (indicação de aplicação em concentrações que não causam dano) dos extratos naturais, com vista à sustentação do desenvolvimento de produtos farmacêuticos inovadores, eficazes e seguros.

Uma vez que os extratos de plantas reúnem simultaneamente interesse como ingrediente cosmético e como ativo para o desenvolvimento de produtos farmacêuticos seguros e de base natural, torna-se evidente a necessidade de avaliar eficazmente a sua bioatividade e segurança, cumprindo a legislação em vigor e garantindo a segurança do utilizador, caracterizando o perfil químicos dos extratos de modo a poder relacionar a sua bioatividade com a sua composição química. Efetivamente, para além da seleção da espécie da planta é importante garantir que o extrato obtido apresenta o perfil químico (quimiotipo) desejado (relacionado com a sua bioatividade) para o desenvolvimento de novos produtos farmacêuticos. Sendo muito escassa a informação disponível sobre a segurança deste tipo de extratos, reconhece-se como urgente a caracterização laboratorial do seu perfil de segurança, com recurso ao uso de ensaios in vitro e in vivo em modelos não animais.

A estratégia definida neste projeto assente no plano de I&D da empresa promotora para o próximo quinquénio no que diz respeito ao desenvolvimento de produtos inovadores, terá também um impacto indireto no arrastamento do tecido empresarial da região, que tem vindo ao longo dos últimos anos a ver nascer novas empresas familiares de produção de plantas medicinais em condições de produção certificada. Esta evidência da oportunidade de I&D e empresarial em diferentes sectores, relacionada com as plantas aromáticas e medicinais, justificou a criação pelo Governo de Portugal, no corrente ano, de um centro de competências (o CC-PAMC) que visa exatamente catapultar a oferta portuguesa de plantas e extratos de plantas aromáticas e medicinais orientada para um mercado internacional com base no conhecimento científico.

Assim, também os resultados destas atividades serão amplamente divulgados de modo a contribuir, não apenas para a sustentabilidade dos esforços envidados pelas 3 entidades deste projeto, como também, indiretamente contribuir para o efeito de arrastamento do tecido empresarial de empresas já existentes ou nascentes.

O projeto InovEP reúne equipas de trabalho constituídas por investigadores pertencentes aos sectores público e privado, fazendo convergir o setor empresarial com instituições do SCTN, apresentando-se como uma oportunidade de consolidar uma rede que já tinha tido oportunidade de realizar trabalho conjunto.

A estrutura criada neste consórcio e reforçada pelos consultores científicos nacionais e internacionais incluídos no projeto, vem apoiar a estratégia de colmatar as debilidades identificadas na economia portuguesa no que diz respeito à cooperação entre empresas e entidades do sistema I&I com transferência de tecnologia e conhecimento que tenham efeitos favoráveis na cadeia de valor de criação de novos produtos numa dinâmica de cooperação bem como de reforço de competitividade e inserção internacional.